Fapesc projeta ações para incentivar participação feminina no ecossistema de CTI
No universo da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), 62% das bolsas de mestrado e doutorado foram concedidas às mulheres. Em relação à participação feminina como coordenadoras de projetos de pesquisa, a porcentagem é menor: 40%.
No universo da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), 62% das bolsas de mestrado e doutorado foram concedidas às mulheres. Em relação à participação feminina como coordenadoras de projetos de pesquisa, a porcentagem é menor: 40%.
Já em relação à presença de mulheres comandando empresas na área, o número é de 25%. Com base nestes dados, no mês de março será lançado um edital inédito para o público feminino.
Estes números fazem parte de levantamento da Comissão de Estudos e Incentivo à Participação de Mulheres na Ciência, Tecnologia e Inovação de Santa Catarina. Neste 11 de fevereiro, Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, é um momento de reflexão sobre estes dados. A data foi definida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 2015, com o objetivo de fortalecer o compromisso global com a igualdade de direitos entre homens e mulheres.
"Precisamos estar atentos aos dados e indicativos do ecossistema de CTI, razão pela qual criamos a comissão para entender os dados atuais e propor ações para o futuro", explicou o presidente da Fapesc, Fábio Zabot Holthausen. "É preciso diversidade, igualdade e participação de todos nos processos de CTI, ao mesmo tempo que necessitamos de dados concretos para atuarmos com isonomia."
De acordo com a gerente de Tecnologia e Inovação da Fapesc, Gabriela Botelho Mager, uma das coordenadoras da comissão, o que mais chama a atenção é a baixa participação das mulheres no mercado de tecnologia: 25%, ante 75% dos homens. "Esse é o dado mais significativo, que tem uma distância muito grande das mulheres em relação aos homens. São poucas mulheres empresárias e mesmo participantes como colaboradoras das empresas", avaliou. A Fapesc está planejando ações específicas para esta área.
Mager salienta que muitos destes dados são indícios de que ainda precisam passar por mais avaliações. "Quando pegamos a tabela de pesquisa, por exemplo, vemos que 40% das mulheres são coordenadoras de pesquisas. Mas se avaliarmos os dados do IBGE, constatamos que o número de docentes no Brasil é mais ou menos nesta proporção. Isso mostra que estamos na média da participação feminina nas universidades como docentes."
É importante, portanto, trabalhar na base, afirma a coordenadora da comissão. "Tem que trabalhar na base, nas escolas. Para a menina de sete ou oito anos entender que pode fazer robótica, brincar de lógica. Há na sociedade uma visão de que tem coisas de menino e de menina. É inculcado naturalmente. É um processo inconsciente na sociedade que precisa ser mudado."
Os dados do número de bolsas é o mais positivo para as mulheres: 62% das bolsas de mestrado e doutorado foram concedidas no período de 2017 e 2019.
Representatividade e inclusão
Das cinco gerências da Fapesc, quatro são comandadas por mulheres, incluindo a gerente de Ciência e Pesquisa, Deborah Bernett, com pós-graduação na França, pesquisadora da área interdisciplinar, doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento (PPGEGC) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). "Vim para a Fapesc em 2006 e desde lá aprendi muito. O primeiro edital que trabalhei foi o de ciência básica. Foi incrível. Abrangeu todo o Estado e toda a comunidade científica. E trabalhar com pesquisa básica não tem como não se apaixonar. Porque você percebe os resultados, conhece os pesquisadores, os desafios e a importância da Fapesc para o Estado de Santa Catarina."
Para Bernett, por ser pesquisadora, ela consegue enxergar os dois lados e perceber os impactos que o apoio da Fapesc na pesquisa em Santa Catarina fornece para o desenvolvimento do ecossistema. "Fazemos uma força grande para apoiar todas as áreas do conhecimento. Essa relação com a sociedade, trabalhar com as pessoas, mas para a sociedade catarinense, especialmente na minha área que é ciência e pesquisa, traz uma riqueza enorme de aprendizado pra mim e para aqueles todos que trabalham comigo", relatou.
Deborah Bernett salienta a importância de refletir sobre a participação de mulheres e meninas na ciência. "Diversos indicadores mostram que a participação feminina na ciência é mais baixa que a masculina. Nós, aqui na Fapesc, estamos pensando nisso e planejando ações para mudar este cenário. Mais participação de mulheres e meninas na ciência significa mais representatividade de gênero, mais inclusão, que vai se refletir na equidade social, na abrangência da ciência e da pesquisa para o avanço do universo científico".
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